Apócrifos e extracanônicos: Contribuições do X Congresso Internacional de Pesquisa Bíblica

Apresentação
Cássio Murilo Dias da Silva

01
Apócrifo ou extracanônico: literatura aberrante, complementar ou alternativa em relação à Bíblia canônica?
Frei Jacir de Freitas Faria

02
Enoque e a pesquisa acadêmica atual sobre o Antigo Testamento Pseudoepígrafo
Matthias Henze

03
Tempo e temporalidade nos primeiros apocalipses judaicos: cinco observações
Matthias Henze

04
Liturgias y performatividad en el Judaísmo “apocalíptico”. El caso de Iael/Yahoel en la Vida griega de Adán y Eva
Magdalena Díaz Araujo

05
¿Todos los males de Eva? Revisar la mirada sobre diversos Apócrifos del Antiguo Testamento
Magdalena Díaz Araujo

06
As duas portas e os dois caminhos: interações entre o Testamento de Abraão e o Evangelho de Mateus
Marcelo da Silva Carneiro

07
A imagem do Satanás na tentação de Jesus: uma análise das tradições do Livro dos Jubileus e da Torá Oral
Silvio Cezar José Pereira Gomes

08
Religião de fronteira: por que há tantos monstros nos apócrifos do cristianismo primitivo?
Paulo Augusto de Souza Nogueira

09
Quem ri com Cristo ri melhor? O riso de Jesus no Evangelho de Judas Iscariotes
Franklin Alves Pereira

10
Recepções medievais apocalípticas mediadas pelo Apocalipse de Paulo
Valtair A. Miranda

11
A recepção do Evangelho da Infância de Tomé no período medieval
Leonardo dos Santos Silveira

Este volume reúne as principais conferências apresentadas durante o X Congresso Internacional de Pesquisa Bíblica promovido pela Abib - Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica, entre os dias 20 e 23 de agosto de 2024, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
O tema do congresso – Apócrifos e Extracanônicos – privilegiou um amplo corpo literário formado por livros que, pelo fato de não terem entrado para os cânones do Judaísmo e do Cristianismo, são pouco conhecidos e, em alguns casos, vistos com preconceito e desprezo. Particularmente, no Brasil, são pouco estudados. Não obstante, todos eles, em maior ou menor grau, integram o grande pano de fundo daquelas duas religiões. Com efeito, diversas tradições judaicas e cristãs estão diretamente ligadas aos livros não canônicos, não apenas costumes e devoções populares, mas também pontos dogmáticos e discussões teológicas e éticas.
As qualificações de ‘canônico’ e ‘apócrifo’ não deixam de ser rótulos. No entanto, uma vez que estão ligados ao universo religioso, geram não poucas controvérsias, seja no que se refere aos critérios para a inserção ou não de um escrito entre livros considerados normativos para a fé, seja na recepção, no uso e na interpretação dos textos.
Embora haja um elenco relativamente estável de critérios que leva a reconhecer um livro como inspirado e, por conseguinte, qualificá-lo como canônico, a sua aplicação prática é recheada de problemas. Condicionamentos históricos e culturais, diferentes tradições eclesiais, divergências teológicas e dificuldades de diálogo resultaram em diversos cânones. Como consequência, os conceitos de ‘canônico’ e ‘apócrifo’ variam e são aplicados diferentemente, muitas vezes no bojo das controvérsias teológicas, doutrinais e político-eclesiais, e que, em alguns casos, pouco têm a ver com a exegese bíblica e a interpretação e, menos ainda, com a busca de superar barreiras e preconceitos.
O X Congresso da Abib permitiu que pesquisadores internacionais e brasileiros – não ‘apesar’, mas exatamente ‘por causa’ das diferenças de abordagens e de envolvimento intelectual e afetivo com os livros bíblicos e não bíblicos – partilhassem descobertas, inquietações e desafios, de modo a formar um grande mosaico que nos leva a superar prejulgamentos e romper bolhas, porque faz pensar o quanto de apócrifo têm os livros recebidos como canônicos, e quanto de canônico têm os escritos rotulados como apócrifos.